domingo, 11 de dezembro de 2016

A participação das crianças na Santa Missa - Parte 4

Nesta penúltima postagem sobre "A participação das crianças na Santa Missa", venho tratar de algumas motivações que podem ser melhor observadas pelos pais, e consequentemente repassada para seus filhos. Digo motivações no sentido de que essas observações que serão expostas, podem ajudá-los numa compreensão mais adequada da Santa Missa e por conseguinte, na participação frutuosa de toda a família na celebração.

Antes de adentrar no assunto, gostaria de fazer algumas advertências importantes. Lembrem-se que cada família tem sua particularidade e que as experiências aqui expostas podem, na medida do possível, serem aplicadas com os filhos, todavia, não necessariamente da mesma forma. Cada criança tem sua personalidade específica e cabe aos pais moldarem seus filhos de acordo com essas especificidades. Isso não quer dizer que devemos admitir que a criança faça "do seu jeito". Aqui, a autoridade pesa sobre os pais que são os primeiros e principais educadores. Abrir mão dessa condição é negligenciar uma tarefa essencial e um dever primordial na vida de um pai e de uma mãe. Por isso, reitero que não há "respostas prontas", mas princípios que norteiam a vida de uma família inserida na Igreja, tais como a obediência, o respeito ao sagrado, o amor a Jesus, etc.

Além do que já foi exposto nas três primeiras postagens, os pais precisam compreender que a Missa não é uma simples obrigação, um fardo ou 1 hora ou mais de tédio semanal... Quem pensa dessa forma não conhece nem ama a Sagrada Eucaristia. Muitos que se dizem católicos vão para a igreja e por muito pouco se irritam por isso ou por aquilo que acontece durante a celebração. Há, na maioria das vezes, uma considerável ignorância ou desconhecimento de muitos a respeito da Santa Missa, até mesmo por não prestarem atenção nas homilias, nos gestos que são realizados durante a celebração, nas leituras proferidas, etc., bem como na formação catequética que tiveram. Na verdade, só conseguiremos orientar corretamente nossas crianças na Missa, se entendermos que "na última ceia, na noite em que foi entregue, nosso Salvador instituiu o Sacrifício Eucarístico de seu Corpo e Sangue. Por ele. perpetua pelos séculos, até que volte, o sacrifício da cruz, confiando destarte à Igreja, sua dileta esposa, o memorial de sua morte e ressurreição: sacramento da piedade, sinal da unidade, vínculo da caridade, banquete pascal em que Cristo é recebido como alimento, o espírito é cumulado de graça e nos é dado o penhor da glória futura." (Constituição Sacrosantum Concilium, n. 47).

Dito isto, a catequese sobre a Missa geralmente começa em casa (já falamos disso anteriormente), ou melhor, ANTES, DURANTE e DEPOIS da celebração. Mas como?

a) ANTES: Domingo, dia do Senhor, seja acordando mais cedo ou se preparando para ir a Missa a tarde/noite. Os pais arrumam suas crianças e geralmente dizem: "Como você está bonito!". Mas por que não acrescentar? "Hoje é dia do Senhor, precisamos nos arrumar para irmos ao encontro de Jesus na Missa". "Bom dia crianças! Hoje é dia do Senhor! Vamos ao encontro do Rei da nossa família!". E por aí vai... Seja no carro ou caminhando até a igreja, um diálogo simples sobre o tempo litúrgico, as festividades que se aproximam, a necessidade de se comportar na Missa, etc., podem ser pontos valiosos nessa "catequese".
b) DURANTE: Obviamente que os pais não vão ficar dando "sermão" nos filhos nem explicando cada palavra que disse o padre, mas dependendo da inquietude da criança, os pais podem começar a explicar-lhes algo. Uma imagem de Nossa Senhora ou o Crucifixo que está no altar; a letra da música cantada pelo coral; os gestos do sacerdote; o ajoelhar-se; o toque do sino; a benção; a aspersão da água benta; o caminhar no momento do Ofertório e da Comunhão. Vale lembrar que essas orientações são ao "pé do ouvido", sem incomodar quem está do lado. Aos poucos vocês perceberão que a Liturgia em si "fala"! E a criança sendo bem orientada, começa a "escutar" a Liturgia. Recentemente, nosso filho caçula viu um coroinha se aproximando com o turíbulo... Observei que seu semblante mudou imediatamente. Os olhos já não piscavam e o garoto estava boquiaberto... Aproveitei a oportunidade e falei do incenso, da fumaça que sobe ao céu assim como as nossas orações a Deus. E vi que aquilo teve sentido para ele, mesmo sem entender muito.

Orientar para que eles se ajoelhem no momento oportuno ou fiquem de pé ou sentados em outros, é outra questão relevante. Ah, mas ele é muito pequeno e vai doer os joelhos... dirão alguns. Se assim pensam, não conseguem imaginar que mais tarde o peso de não conhecer a Deus será muito mais doloroso. As crianças, na grande maioria das vezes, imitam seus pais. Por isso, deem o exemplo! Não cobrem algo deles se vocês não fazem.

Desde o nascimento de nossa primogênita, cultivamos neles um amor e zelo por Jesus Sacramentado. E uma das formas de ensinar isso é após a Comunhão, no momento mais conhecido como "ação de graças". Geralmente, abraço meu filho ou minha filha e peço para que escutem o Coração de Jesus batendo. "Ah, escutei! Jesus está aí?" Certa vez perguntou o caçula. "Sim, Pedro, está aqui no meu coração. Vamos agradecer a Jesus por nossa família, por nossas vidas?" Dificilmente a criança se negará a um ato tão puro e singelo. Numa dessas oportunidades, ele olhou para Jesus que estava em meu coração e disse: "Aaarrrrrggghhhhh, eu sou um dinossauro!". Quase morro de rir na Missa, mas fiquei feliz porque ele entendeu que Alguém ali estava, e era Jesus. São momentos tão simples, mas ao mesmo tempo, muito significativos na formação do cristão.

c) DEPOIS: Após a Missa, a nossa missão está apenas começando. É preciso que tudo aquilo que experimentamos minutos antes, seja transformado em ações, em orações, em mudança de vida. E nós enquanto pais devemos lembrá-los disso. Por que não pegar um trecho do Evangelho proclamado naquela Missa e conversar com as crianças? Por que não explicar algum detalhe daquele dia que não foi possível ser dito no momento da Missa? Por exemplo: neste 3º domingo do Advento, o Domingo Gaudete (porque alegremente e ansiosamente aguardamos a chegada do Natal do Senhor), os paramentos litúrgicos são da cor rosa, assim como no 4º domingo da Quaresma - Domingo Laetare. Então, será que a criança percebe algo "diferente" na igreja? Essa foi minha pergunta de hoje a Maria Clara (7 anos), que após um giro de 360º com seu olhar, disse: "A roupa rosa do padre!".

E assim vamos cultivando neles o amor a Jesus Eucarístico, pois acreditamos piamente que da Eucaristia emana todo o bem que necessitamos. Na Santa Missa temos um verdadeiro encontro pessoal com Jesus. E as crianças também são convidadas para esse encontro. Por isso, amados pais, criem oportunidades para que esses encontros ocorram com frequência, e que estes sejam frutuosos. Por fim, lembrei agora de várias biografias e escritos de santos que já li. É impressionante como boa parte deles foram "chamados" ainda quando crianças, ou seja, na Missa, Deus os concedia a graça de uma fé ardente e enamorada, típica das almas esponsais.

No entanto, se hoje os pais se preocupam mais com a profissão futura dos filhos do que com as suas vocações, fica difícil orientá-los nesse aspecto. É comum a criança dizer que deseja ser médica, policial, advogada, etc. Raríssimas vezes a criança diz que deseja ser santa, ao contrário do exemplo de Santa Teresinha do Menino Jesus. Aqui não pretendo deixar de lado essa preocupação justa dos pais (eu e minha esposa também nos preocupamos com isso), mas acreditamos que esta não é a mais importante. "Portanto, sede santos, assim como vosso Pai celeste é santo" (Mt 5,48). Se eles serão médicos, advogados, policiais... Que sejam médicos santos, advogados santos e policiais santos!

E então, o que está achando dessas partilhas? Fique a vontade para enviar seu comentário ou dúvida, pois muitas situações diferentes ocorrem nas diversas famílias.

De um indigno escravo da Cruz e da Virgem Maria

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